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I'm back, bitch!

Tamanho 2023 e me veio essa vontade de voltar a escrever. Aliás, a vontade sempre esteve aqui, mas raramente eu atendia esse chamado.  Não me lembro a última vez que eu escrevi, que realmente quis botar algo no papel e publicar, mesmo que ninguém fosse ler. Me faltava não sei se coragem ou vontade.  Não são bem essas palavras que eu procuro. Não era isso que me faltava. Talvez investimento, talvez essa sensação de estar bem o bastante para querer ser lida (por mim mesma). Eu não tinha relevância, era o que eu sentia. Talvez continuo sem ter, pelo menos pro outro. mas hoje isso não está importando. Enfim, não era sobre isso que eu queria falar. Procurei o blog para postar e vi minha descrição. Uma bebe de 27 anos. Eu lembro de mim mesma 7 anos atrás. Eu me amava tanto. Amava a Isabella que eu batalhei tanto pra ser, a que sabia o que não queria e algumas poucas coisas que queria. Foi uma guerra chegar até la. Eu lembro das batalhas perdidas e das que eu ganhei.  Eu passei tanto tempo te

Infalível

Passo horas com a tela aberta. Em branco. Caneta em mãos, pronta para entrar em ação. A qualquer minuto agora. Esperando um sinal qualquer para trazer à tona palavras concretas. Escrever algo que nem sei mais o que. É preciso dizer. É preciso falar antes que eu esqueça. Mas nem me lembro mais o porquê de tais palavras. Nem ao menos me lembro quais palavras. Um desejo tão grande de dizer o indizível. É preciso criar palavras novas pro que nunca foi dito.  O infalável. O infalível. 

Altura

Eu não sabia que eu tinha medo de altura. Até o dia que eu descobri que tinha medo de altura. E medo é uma coisa engraçada. Eu acho que ele sempre esteve ali, às vezes botava a cara pra fora, pra ver minha reação, na maior parte do tempo, eu nem percebia. Até o dia que de repente ele pulou detrás do muro e me deu um susto. Hahha tô aqui hein. Eu tive que subir escadas bem altas, uma torre. E ela balançava muito. Muito vento. Um ferro meio fino. E pela primeira vez eu realmente tremi de medo subindo uma escada. Olha, eu suava muito. Aí eu parei. Pronto, não consigo subir isso não. Meu Deus do céu, eu vou cair. Eu vou morrer. Vai doer muito. Metade da escada subida. Metade da escada pra subir. Eu tinha uma escolha a fazer. Up or down. Eu não poderia ficar ali pra sempre, até mesmo porque eu tinha coisas a fazer. Sério, vários minutos pensando se subia ou descia. Ahhhh mas queria tanto ver a vista lá de cima. E o medo lá gritando no pé do meu ouvido, esse sacana. Achando que eu

Hard to love

Você é difícil de amar. Eu já ouvi essa frase antes. Várias vezes. Eu acreditei nela. Por anos. Acreditei que eu precisava me comportar de uma certa forma para ser amada. Precisava ser discreta, me vestir bem, nunca, em nenhuma circunstância, reclamar de ou para a pessoa com que se relaciona. Eu cheguei a frequentar igreja mais vezes do que eu gostaria, vai que isso fizesse com que ele me amasse. Eu nunca dizia não. Eu fazia absolutamente tudo para agradar. Ele nunca me amou. E pior, eu não me amei. Há resquícios ainda da voz na minha cabeça que me diz que eu não sou tão boa assim. E quer saber, eu não sou mesmo. Eu reclamo muito. De tudo. Eu me visto como me sentir bem. Eu tento não ir aos lugares que não quero. Apesar de que eu ainda gosto de agradar. Eu ainda não sei de muita coisa. Ainda acho que talvez eu não mereça tudo que tenho. Mas aprendi que eu sempre vou merecer respeito. Porque eu o dou. Sou um taste to be acquired. Talvez eu continue sendo difícil de amar. P

Sujeito Oculto

Seja o que for Eu já sou nada Já não há palavras a me sujeitar Sem sujeito a classificar Eu sou a antítese do avesso Me desqualifico e cedo Eu sou o que não é Talvez nunca tenha sido Fui outra sem saber Sujeito oculto, desaparecido

Entre cheiros

O quarto cheirava a passado. Um cheiro ocre, repleto de lembranças que eu não conseguia lembrar direito. Eu não conseguia distinguir aquele odor. Eu o conhecia, só não sabia de onde, nem porquê. Levei vários minutos tentando lembrar. Ah, deve ser um desses cheiros que a gente vive por ai, que encontra na rua, num dia qualquer. Esqueci do cheiro desconhecidamente conhecido. Mas eu lembro do cheiro feliz que exala do meu travesseiro e do meu jacaré de pelúcia. Do perfume da roupa que eu usei no trabalho hoje. Um perfume novo. Aromas tão característicos da minha vida, tão presentes na minha memória, que envolvem todo meu quarto. Sento-me no chão e esbarro, sem querer, no violão. O cheiro esquecido me pega de surpresa mais uma vez. O cheiro amadeirado do violão. O odor do ciúme que eu sentia de um objeto tão insignificante. Um aroma triste de antiguidade. Um cheiro que fedia a pesar. Mas hoje é odor transformado em perfume. Por simples querer.

Com (c)alma

Vai sem pressa, anda devagar No teu ritmo calmo, não te aceleres Não precisa pressa pronde chegar Vai sem pressa, e com calma Aproveita a jornada que a chegada precede, Tão logo a alma chega la E nos passos curtos e breves A longa estrada chega ao fim Subidas e descidas, pesada e leve Foi assim que minh’alma chegou em mim